terça-feira, 15 de junho de 2010

HIPERATIVIDADE OU HIPER ATIVIDADE?

Grande pergunta! Quando uma descoberta é feita, passa-se a ver esse objeto como único. A hiperatividade existe de fato? Uma criança super ativa é considerada hiperativa - no sentido da tal patologia?

Os médicos argumentam que existem características a serem consideradas, como, por exemplo, a desconexão com a "realidade", a não-interatividade, a dificuldade de concentração e outras mais. Meu filho é super ativo e duas psicólogas me disseram que ele tem apenas uma capacidade cognitiva de uma criança com o dobro de sua idade, ou seja, ele tem 03 e sua percepção do mundo equivale a uma criança de 6/7 anos e isso gera um desequilíbrio no fato dele pensar como 6 anos, num corpo de 3... Segundo a psi que me falou isso, o remédio é deixar ele crescer e continuar me descabelando - risos.

Eu acreditava que ele era hiperativo. Mas, foi diagnósticado que ele não apresenta essas características patológicas. Entretanto, ele apronta horrores e entre surtos meus e amores, nunca há um tempo para que eu respire aliviada, porque ele não dá trégua e acabo entrando na nóia de achá-lo hiperativo, em vez de hiper ativo... O mínimo que ele faz é escalar seu guarda-roupa - ou armário - para pegar o que guardo no alto e, depois, não consegue descer e fica me gritando socorro! Cansada pela repetição sem pausas - e diante da falta de tempo para as idéias se organizarem - o levei a uma neuropediatra - mesmo a pediatra dele me dizendo que era desnecessário, que ele só precisava gastar mais sua energia... - quando, nem bem entramos no consultório, ela desenrolou um discurso sobre a hiperatividade e, mesmo ele respondendo aos seus estímulos, como uma criança "normal" - detesto essa terminologia, porque todo mundo é normal e anormal ao mesmo tempo... risos - e interagindo com ela, me falava incessantemente, que, "algumas mães aguentam o trampo e não dão remédio, mas, outras ela receita. Quem decide é a mãe, se aguentar o trampo, dando uma educação mais rígida, impondo mais limites e segurando a onda...", mas, que eu decidiria, se eu aguento o "trampo" ou não... E repetia isso, parecendo que queria me induzir ao consumo do medicamento. Eu perguntei o que era aguentar o "trampo", se isso queria dizer que ele era "hiperativo" e se ela não passaria exame para detectar. Ela me disse que criança "hiperativa" ela "conhece quando pisa a soleira do consultório, bate o olho e vê logo..." Fiquei logo com um pé atrás... como um profissional pode confiar apenas em seus olhos, diagnosticar e receitar - não, na verdade ela apenas tentou influenciar a minha decisão, mas, eu não cedi... como vou dar remédio para algo que não foi "comprovado"? - sem fazer uma avaliação? Por fim, me recomendou fazer uma avaliação psicológica nele e disse que a orientação da psicóloga seria muito importante, fora que era necessário colocá-lo em atividades físicas, como natação, para ele gastar a energia e ocupá-lo com mais brinquedos de encaixe, para desenvolver a concentração - mesmo após me perguntar como ele é na escola e eu dizer que ele aprende e faz tudo, e que, de acordo com a professora, ele só é elétrico, mas, de uma inteligência e capacidade de observação impressionantes. Concordo com a atividade física, sim e com os brinquedos. Isso é necessário para toda e qualquer criança. Esse contato com os pais, inclusive e principalmente, nas brincadeiras, é perfeito. Atividade física é bom para todo ser humano. Algumas, mais importantes para determinadas características. Como me advertiu um amigo - que é professor de Educação Física e um grande lutador e professor de full contact - André, valeu pelas dicas - o ideal é:

"Primeiro: Possibilte a prática de várias atividades até ele se identificar com alguma.
Segundo: Dê preferência a atividades coletivas: além de desenvolver habilidades motoras , permite uma interação maior com outras crianças.
Terceiro: Quanto mais atividades variadas ele fizer mais habilidades motoras ele desenvolverá, enriquecendo assim o seu repertório motor.
Quarto: Não se esqueça de colocá-lo na natação: além de ser uma excenlente atividade, saber nadar é uma questão de sobrevivência também."



E, como duas amigas e psicólogas - que, além de profissionais conceituadas, conhecem a criança/meu filho - risos - já haviam me dado suas considerações, desconsiderei a neuropediatra - até fiz o eletro, que ela pediu e ele nem precisou tomar remédio para dormir, colaborou ficando quieto... também, não dormiu, mas, a profissional que realizou o exame me disse que não havia problema algum, desde que ele ficasse parado por 5 minutos... e ele ficou... mexeu muito pouco, mas, nada gritante e deu tudo "normal" - sabe-se lá o que quer dizer... - risos. Eu fiquei extremamente preocupada com os médicos por aí, inclusive os renomados. Então, agora basta uma criança ser elétrica para ser hiperativa e tasca-lhes remédios? Cabe a nós, mães, pais e afins, estarmos muito atentos ao desenvolvimento do filho. Converso constante, aberta e frequentemente com a pediatra dele, com a professora dele, o observo em meio a outras crianças... e, fora a eletricidade - que chamo de "sede de vida" - que ele tem, é inteligente, interativo, observador, companheiro, solidário, pirracento, brincalhão, se concentra e sabe o que está fazendo... enfim, "igual" às outras crianças. Fora que é prestativo e cuidadoso.

Continuo a me cansar com sua eletricidade inesgotável, mas, uma coisa é uma coisa - hiperatividade -, outra coisa é outra coisa - hiper atividade. Uma criança com TDAH não desenvolve uma linha de raciocínio, esquece o que aprende - entre aspas, porque o que lhes interessa eles memorizam com grande facilidade, e esse é o grande desafio dos pais e/ou responsáveis de uma criança com TDAH, é encontrar aquilo que ele se interessa e desenvolver o resto a partir daí e com apoio, em casos graves, de medicação e acompanhento especializado. Enfim, para tudo o cuidado, despindo-se de tabu, medo... indo em busca de informações e considerando todos os pontos e opiniões e sempre, sempre, mantendo a chama da sua observação acesa. Nós, mães, pais, responsáveis, precisamos observar, mesmo em meio ao tumulto, stress e cansaço diário, como se comportam nossos filhos, seja para detectar algum transtorno - caso haja -, seja para estarmos ao lado daquele futuro adulto. O cansaço é inevitável e cada um rage de um jeito - desde que não caia nas garras da extrapolação... aí, seria desequilíbrio. Quem não cansa diante de uma repetição de situações, principalmente, as que vêm agregadas a desgates físico e mental, com estímulos nervosos constantes? Natural.

Mas, cuidado, eletricidade não necessariamente é hiperatividade. Hiper atividade, como sinônimo de criança ativa, é uma coisa e TDAH - transtorno défict de aprendizagem e hiperatividade - é outra... Meu filhote sofre da síndrome do exagero: ligado demais, atento demais, ativo demais, esperto demais, traquina demais, escuta demais, fala demais, é gostos demais, lindo demais, curte tudo demais, é alegre demais, pergunta demais, brinca demais, gosta de banho demais, bagunça demais, apronta demais, acha que pode fazer tudo sozinho e se arrisca demais - risos -, enfim, ele exagera em tudo, sem descanço, sem parar! - risos. E eu? Também! Sou exagerada demais. Mãe devoradora demais, preocupada demais, zelosa demais... e, na maioria dos casos, todo exagero é sobra, certo?! Portanto, para o equilíbrio de Peu, primeiramente, o meu...

Na prática, foi mais uma lição para mim e uma bela chamada de atenção da mestre vida em ação. Minhas angúsrias de mãe, mulher, pessoa... não podem compactuar com médicos que nivelam tudo por sua ótica limitada. Talvez, esteja sendo cruel com a profissional... sei lá, vai ver, de tanto ela atender crianças com hiperatividade ela leva tudo pelo mesmo peso... Um médico também é gente e passível de diagnosticar com base em seus desgastes pessoais, profissionais ou qualquer outra coisa... mas, existem erros e erros... E uma mãe, na prática, precisa estar muito além do cansaço e das mazelas do estresse diário, mesmo sentido o peso do dia-a-dia, aos berros, desesperos, angústias, etc, não podemos esperar respostas e comprovações científicas para tudo. Estudos existem baseados numa média de amostragem... a gente vive a realidade de nossas vidas por inteiro. Para tudo o equilíbrio. Procurar médicos de confiança e que acompanhem a criança por muito tempo, para evitar esses "erros" inaceitáveis pode dar uma segurança a mais.

Na prática, todo cuidado é pouco. Criança saudável é uma criança feliz.

"Saudações maternais",

Pat Lins.

PS - veja, também, DESCONSTRUINDO A MÃE - "Hiperatividade ou não: eis a questão" - muito bom o relato.

Imagens: www.sxc.huhttp://www.freedigitalphotos.net

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