sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

"NÃO! O MEU FILHO NÃO FAZ ISSO!"



Fico intrigada com essa frase, melhor com essa maneira de pensar: "NÃO. MEU FILHO NÃO FAZ ISSO!".

 Vou tentar me explicar por três óticas minhas - vale a redundância:

1 - Quando eu era criança, no papel de filha: eu não era do tipo de aprontar. Era aquela criança inteligente e bonitinha que todo mundo gostava. Mesmo assim, tinha meu lado "sombrio". Por exemplo: lá em casa, era proibido xingar. Bom, eu não saía xingando pela rua, na ausência dos meus pais, mas adorava soltar uns belos palavrões nas rodinhas de amigos. Quando acontecia algo - e, me parece, que os adultos de hoje em dia têm essa dificuldade de entender e aceitar que, onde há mais de uma criança reunida, acontece algo... - "grave" ou "um problema", tenho a lembrança de ver minha mãe nem defendendo, nem acusando a gente. Geralmente, ela procurava saber o que havia acontecido com todos os possíveis envolvidos. Outras mães já chegavam nervosas e preocupadas em provar a inocência dos filhos, já dizendo: "Não. Meu filho não faz essas coisas...". Sabe essas cenas de filme, onde uma criança "atentadinha", sem limites, mimada e apimentada quebra uma vidraça e faz cara de vítima e os pais culpam qualquer outra pessoa, para defender o filho? Pois é, eu vi muito isso. Várias vezes, vi mães de amiguinhos "pagarem esse mico". Nós, as crianças, adorávamos ver aquelas cenas e nos "acabávamos" de rir "pelas costas" dessas mães iludidas. E o mais intrigante é que, justamente as mães dos que aprontavam na surdina eram as que mais se expunham e expunham a cegueira delas. Não digo que mãe tenha que desconfiar do filho, mas o benefício da dúvida ajuda... apurar antes de julgar e condenar é melhor do que alimentar no filho de que ele é um santo, ainda que mate gente. Enxergar ajuda a ajudar. Talvez esse tenha sido o problema daquelas mães, elas não queriam ter o trabalho de ajudar o filho, portanto, melhor nem ver quem ele é, além do que é em minha frente. Penso que a maneira como meus pais agiram comigo e com meus irmãos estreitou um vínculo sincero entre nós, onde a gente assumia o que fazia, mesmo sabendo que encararíamos uma punição merecida. Tanto que onde morávamos, éramos referência de "bons filhos", até pelas mães neuróticas. Mas, meus pais nos deram essa condição, a gente confiava neles. Mesmo "aprontando", a gente assumia que errou e encarava. Nós - eu meus irmãos - tínhamos/temos nossos pais como grandes amigos e com respeito que se deva aos pais.

2 - O estigma na escola, como mãe de um aluno "problema": na escola de Peu, no início, tínhamos uma parceria bem bacana. Eu contava com a equipe e a equipe sabia que podia contar comigo. No prédio maior, a equipe era outra e de certa forma, recentes na escola. Bom, depois de inúmeros trabalhos - psicoterapia, equoterapia, natação, eu em terapia, marido em terapia, rotina da casa desenvolvida em cima de dar limite a Peu sem estressá-lo com sobrecarga de atividade... enfim, ele começou a responder de maneira positiva. Pedro tem uma combinação explosiva, onde podemos resumir em ansiedade e inteligência elevada. Ou seja, estabelecer limite é tarefa árdua e de todo mundo falar a mesma língua para evitar brechas, pois ele é é muito sagaz e consegue argumentar de maneira que justifique cada atitude dele. Bom, aconteceu que na escola, ele piorou o comportamento no ano passado, para a surpresa minha, da psicóloga dele e do pessoal da equoterapia. Então, a escola me expõe o Pedro em sala de aula. Afirmo que reconheço aquele Pedro e digo: "é questão de tempo, agora, porque eu sei quem é esse Pedro que vocês me trazem e vejo ele melhorar seu comportamento aqui fora. Ele não se tornou santo, mas já melhorou. Precisamos entender o que está acontecendo aqui na escola...". Pronto! Assinei a sentença de mãe que deixa a mão queimar no fogo e, para eles, eu estava dizendo "Não. Meu filho não faz isso.". Pelo contrário,  o que eu estava dizendo era "Sim. Eu sei que meu filho é capaz de fazer isso, mas existe solução.". Percebi que estava sendo estigmatizada e incompreendida por conta do retorno em forma de um sorriso mudo de ironia como quem diz: "Mãe...". Compreendo o porquê da escola agir assim... vi mães e pais de coleguinhas de Peu afirmando categoricamente: "Não. Meu filho não faz isso!". Inclusive, houve um incidente entre Peu - e, dessa vez, ele foi vítima dele mesmo - e um coleguinha dele do tipo "sonso" - é, gente, criança sonsa existe, sim - onde o coleguinha grudava em Peu, quase uma sombra. Eles foram ao mesmo brinquedo, no parque, ao mesmo tempo, só que um de frente para o outro e colidiram. Os colegas foram testemunhas oculares - cômico, se não fosse trágico. O coleguinha levou aos pais que Pedro o empurrou. Como Pedro era "famoso" pelo que aprontava - hoje, essas mesmas crianças que levavam para casa as "artes" de Peu, levam um feedback diferente para casa e a escola nem se deu o trabalho de escutar e ver o que os coleguinhas estavam vendo... - os pais foram á escola. A professora explicou o que houve. Os pais, ignoraram as informações e perguntaram se "os pais desse menino estão sabendo quem é o filho deles?". A escola afirma que sim e que já estávamos empenhados no trabalho com Peu e sugeriram que eles observassem mais o próprio filho, pois ele seguia muito Peu, muito perto, quase colado e que essas colisões seriam mais frequentes. Os pais não gostaram. Burburinho entre pais, me chegou que ela - a mãe do coleguinha - iria pedir "a cabeça" da professora... Essa professora era tão bacana que a filha era aluna dela e ela sempre soube estabelecer os papéis de maneira muito sensata e sem comprometer a qualidade da sua aula. De tamanho modo que a filha dela, certa vez se mordeu e veio me dizer que havia sido Peu - pois ele batia muito nos colegas, na época - e ela viu a cena, interveio e explicou que ela havia se mordido. Ou seja, ela estava atenta a tudo, mesmo Peu dando o maior trabalho. Ser mãe de filho em fase escolar já é trabalhoso, imagine ser mãe e professora da própria filha? Mas ela deu conta e deu show! Dora, você é minha ídola! Essa confiança e abertura deu o tom ainda mais forte na parceria com a escola em prol de esforços para permitir e descobrir como agir com Peu a ponto de ajudá-lo. Esse era o foco. Por isso, essa de "meu filho não faz isso" é papo de pai e mãe cegos.

3 - No condomínio, como observadora: gente, não tem laboratório de observação de relacionamento melhor do que condomínio, viu?! Já morei em vários e de diversos níveis sociais. E é tudo igual: haja pai e mãe barraqueiro! "Onde houver mais de uma criança reunida, ali estarei", falou a voz do problema. E penso que essa voz nunca tenha falado tão sério! Pois bem, atualmente, vejo é coisa. Houve um incidente onde a mãe de um menino processou o outro, por conta de briga na quadra. O argumento que ela usou, nossa, mostrou o motivo do porquê o menino não evolui como ser humano e continua sendo sonso e conhecido nosso, dos pais que frequentam o play. Ela alegou que o filho havia sido espancado. E foi, mesmo. Só que, no dia anterior, eu mesma vi o filho dela batendo em outro menino - e menor do que ele - e xingando horrores; fora que esse menino, sem saber que eu estava por perto, estava ensinando Peu a xingar e dizendo que eram palavras bonitas, por exemplo, ele disse: "Peu, diga aí: po**a, car****, 'eu sou v**do' que você vai estar dizendo que é cara legal...", quando ele viu a minha sombra, saiu correndo e se escondeu, pensando, inocentemente - sim, eles têm esse lado inocente de que ninguém vê o que fazem... talvez isso seja reforçado pelas atitudes dos pais - que estava invisível. Ensinou a outro garotinho - que já anda com ele - a dizer "porra", porque no Aurélio, segundo ele, o mais novo, mostra que isso quer dizer "cara legal" e que o pai dele o ensinou. Lógico que o pai não ensinou para ele, mas ele sabia que daria mais credibilidade usar esse argumento. Mais aqui do condomínio - daria um livro de "vamos abrir os olhos e a mente para plantar boas sementes, em vez de sem mente (vi essa brincadeira com sementes e sem mentes no facebook e adorei!) : alguns meninos estavam arremessando pedras na casa do vizinho e, ao chamarem os pais, qual o argumento? "Não. Meu filho não faz isso porque não é a educação que dou para ele!". Pergunto: isso ajuda a resolver ou criar um problema maior? Em outro condomínio que morei, a câmera de segurança no elevador social estava com defeito, todos sabíam, até que um menino/vizinho, resolvei fazer xixi lá dentro, bem ao lado do síndico da época. O síndico, primeiro como pessoa, questiona aquela atitude e o menino responde que "meu pai paga condomínio para quê?". Pois, como ser humano transtornado e como síndico em sua função, acompanha o menino até em casa. Pede para conversar com o pai e relata o ocorrido. O pai: "prove que meu filho fez isso!". Aqui no condomínio: meninos sobem no teto na guarita de segurança ; escalam a lateral do edifício; brincam destruindo o parque infantil... molham todo o play ao sairem da piscina e correrem pela área que deveria estar seca... afrontam os porteiros, para mostrar "poder", monoploziam a quadra... O que eu penso: natural para um prédio com pouca área de lazer e tanto menino - do gênero masculino, mesmo - junto e sem orientação, educação e vínculo com os pais.  Sabe o que geralmente acontece? Os pais ficam brigados, fica um clima terrível no condomínio - porque, sim, influencia no coletivo - e os filhos dão a lição que ninguém aprende: eles mantêm a amizade! Eles brigam e se perdoam. Com uma boa influência do adulto, eles podem diminuir os índices de agressividade, o que não acontece. Aqui no condomínio tem muito "menino", imagina essa testosterona toda num espaço pequeno? Sem apoio e uma relação saudável entre pais e filhos - eu sei que existe a índole de cada filho, não ignoro essa interferência, mas a socialização estabelece um limite de ação, não de transformação, que permeia a pode colaborar - os condomínios continuarão sendo vítimas de si mesmos e da falta de educação moral e ética. Conviver passa a ser um desgaste, em vez de um prazer.


Como crescem as crianças que "não fazem isso!"? O que leva a nós pais e mães deixarmos a mão no fogo até queimar, em vez de ajudar o processo de transformação?

Não estou dizendo que a ma/paternidade seja tarefa fácil. Mas, facilitar para o vazio e superficial dessa maneira não ajuda. Aliás, ajuda a desconstruir.

A gente não precisa, por outro lado, estabelecer um tom de condenação, como eu fiz com Peu, de achar que ele estava envolvido em tudo de errado. É preciso estar aberto, disposto a compreender o que aconteceu e permitir que eles se resolvam. E nós, apenas mediadores - desde que sejamos justos de natureza e sensatos, não tendenciosos. 

Conviver é uma arte! Primeiro, aprendamos a conviver com nós mesmos. O demais, surge em consequência. É aquela história: "quem não sabe brincar, não desça para o play". 

Saudações maternais,

Pat Lins.

Para deixarmos um mundo melhor para os nossos filhos, deixemos filhos melhores neste mundo! Pat Lins.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

"UMA FAMÍLIA EM APUROS" - Um filme da vida real.

Gente, geralmente, levo Pedrinho para assistir a filmes da sua faixa etária - o que é super natural... - só que, dessa vez não tinha filme para a dele - além de "Detona Ralph" e ele já viu - e estávamos num grupo com os primos maiores dele. Bom, "Uma família em apuros" foi o escolhido para esse programa em família. Fomos sem grandes expectativas... O que foi ótimo! o filme surpreendeu!!!

Uma crítica leve e engraçada sobre as diferenças entre as gerações. Diferenças essas que não foram tão gritantes anteriormente e, na última década vem se revelando cada dia mais desafiador ser pai, mãe, filho, avô e avó. Ser tio e tia sempre foi legal e continua sendo, né verdade?! Mas, ser responsável direto por um serzinho em desenvolvimento é tarefa para mais de um, é tarefa para um mundo!

Pois bem, o lembrete maior que o filme - com idéia original e muito bem pensada por Billy Crystal, um ator completo ao meu ver, que se inspirou em uma semana onde precisou ficar com suas duas netas pela primeira vez e a filha lhe deu uma "bíblia" de instruções do tipo "fale isso; faça aquilo..." - traz é o que esta geração em específico vem deixando para segundo, terceiro, quarto... plano: O AMOR. O amor não tem geração. Hoje em dia, bem como foi colocado na postagem anterior, com o vídeo do Dr Martins, as crianças estão sendo terceirizadas. 

O que eu, Patricia, penso e vejo disso - independente de se consigo dar conta ou não... até porque, muito vejo, muito sei que deveria fazer diferente mas acabo não fazendo, seja pelo motivo que for... - é que nossa geração atual de pais e mães busca uma ma/paternidade consciente, porém, ainda em dilema e muitos conflitos. Por isso que volta e meia nos coloco como precursores de um processo novo, de uma época de divisão de águas. E levanto a bandeira da importância de nos buscarmos mais e mais, já que temos uma missão desafiadoramente pesada, apesar de ser possível. A questão é que AINDA não encontramos o tom, o ritmo, o caminho... a maneira mais assertiva nesse processo. E, muitos de nós, convenhamos, nem se importa com isso. Nem se dá conta disso. Para piorar, encontramos a resistência e o medo dessa mudança radical e expressiva dos dias atuais, onde o consumismo dita modas e regras a cada estação, antecipando, inclusive essas estações... onde comprar antes para já entrar pronto e na moda. Comprar, ter, competir virou palavra de ordem. Um parêntese: tem um shopping aqui na cidade que está com uma pracinha para as crianças com a chamada "GASTAR ENERGIA SEM GASTAR ENERGIA", com brinquedos que demandam de criatividade e de muito mais de esforço físico para funcionar do que de pilha, bateria ou energia elétrica, como brinquedos da década de 70 e 80... até carrinho de rolimã tem. Nada contra os brinquedos tecnológicos, porém, urge o estabelecimento de limite para seu uso, até mesmo por uma questão de consciência de que criança, seja de qual geração for, quer mesmo é ser criança e viver essa fase como ela pede: com liberdade e limite - limite este que ensine que toda liberdade tem um ponto de até onde ir.

Voltando ao filme, "Uma família em apuros", o título já sugere o que o filme nos alerta: estamos em apuros! Ninguém se entende de verdade e vive uma clausura do saber demais e não saber o que fazer com tanto conhecimento e informação. Bom, considerando que toda família sempre vive lá seus apuros, não penso que este seja bem o pilar do roteiro. O lembrete de "amar" o filhos e deixar que criança seja criança é o que vi como mais importante. Não tem nada de surpresa ou grandes novidades tecnicamente falando: diálogos previsíveis, roteiro previsível, etc, mas o filme não perde a graça, pelo contrário, nos arranca boas gargalhadas - ainda que eu tenha tido que assistir a versão dublada com as crianças... - e nos faz realmente parar para refletir sobre os exageros e radicalismos, bem como ver e ouvir da geração de avós que sabem que não estão certos e não vão acertar sempre, mas precisam tentar. Fora a questão de que os avós do filme - bastante caricatos, sim, mas não tão surreais - trazem a dificuldade dos avós em entenderem que os netos são uma possível segunda chance que a vida lhes dá, porém, não são seus filhos, são seus netos! E quem nos diz isso é a personagem da brilhante Bette Midler, na pele da vovó inexperiente, Diane. 

Legal é ver que os pais, sejam de qual geração forem, sempre ficam perdidos, haja vista que uma criança NUNCA nasceu com manual de instruções. Portanto, toda geração teve seu quê de desafio. Natural que quem colhe planta e nossa geração colhe,hoje, frutos de mudanças que vêm sendo plantadas a cada mudança de geração, começando pela X , pós Guerra, em plena ditadura militar, em se tratando de Brasil...  e, da necessidade de se romper com tantas perdas, dores e opressões, surge o desejo de libertação - da qual faço parte - e seguindo pela Y - décadas de 80 e 90 - agora culminando na Z, que são os filhos dos filhos da "libertação da opressão". Lógico que aquilo que começou desgovernado, tende a aumentar, como uma gigantesca bola de neve morro abaixo. No afã de algo que começou errado, em vez de subir, desceu... numa necessidade de se ter tudo após privações de posses, natural que o natural tenha sido esquecido: primeiro pela opressão, depois, pela necessidade de se livrar de tudo e qualquer coisa que remeta e castigo, punição e etc. Hoje, vivemos o ápice dessa fase conturbada mas que também traz muita coisa boa, só que mal aproveitada, explorada ou conduzida. 

No filme esses embates de pais da década de 70 e avós no novo milênio com os pais atuais são bem interessantes. Gosto da maneira como Billy Crystal levanta críticas e reflexões em tom de comédia, para nos lembrar que rir ainda é a melhor maneira de recuperarmos as forças vitais de maneira produtiva. Casa que fala e faz tudo, menos dar conta de permitir que uma criança saiba o que vem a ser infância sem consumo. Proibições exageradas e cientificamente comprovadas são questionadas pelo outro lado da questão - permitam-me a redundância - que também é cientificamente comprovado de que crianças felizes e amadas serão adultos mais próximos do equilíbrio emocional. A segurança de um lar está além do vigia, da polícia ou do porteiro de um edifício com forte esquema de segurança, está na força do amor que envolve esse lar, está no ambiente de conforto em saber que se pode fazer muita coisa e que muita coisa será feita mais  frente após cumprida essa etapa; está no ar limpo de se poder falar e escutar, de se trocar idéias livres de preconceitos, de orgulho, de vaidade ou de manipulação, é o ar do respeito. Um lar saudável é um lar onde a gente recarrega as forças em vez de sair esgotado dele. 

O estressa da vida atual - que nem é mais moderna... pois até o moderno está ultrapassado - é desencadeado por cada um de nós. Só que essa mesma geração que sofre com essas consequências danosas, também traz em si a capacidade de transformar essa realidade. Eis o grande desafio: aceitar o fato de que é possível frear com pequenas atitudes individuais de despertar de consciência. Pesado? Você acha? O que pesa mais, um quilo de algodão ou um quilo de chumbo? Pesa mais levar essa realidade desordenada a frente ou começar a ver que pequenos passos postos em prática e com verdadeira boa vontade é possível estabelecer pequenos percentuais de avanços? Pois é, colocar filho no mundo vem de geração em geração. Como estar ao lado deles e como educá-los melhor sempre foi um ponto de tensão e questionamento. Não penso que as gerações anteriores estão certas, também não penso que estejam erradas. O filme aborda isso com leveza, quando pai e filha se afastaram na fase adulta e ela quis ser tudo o oposto do que ele era. Ela se negou e se tornou uma pessoa obcecada por trabalho e determinar regras de boa convivência no lar, sem limites edificantes - os meninos eram mimadíssimos e não podíam ouvir um "não" - e sem emanação de sentimentos livres, além de "bom dia" cordial emitido pela voz tecnológica que soava pela casa do RLife. "Life" é vida e eles não tinha vida. Tinham um emaranhado de rotinas e afazeres estressantes que lhes garantiriam um futuro financeiramente promissor. Talento é algo que só é válido se render dinheiro, senão, é sonho utópico.

Criança gosta de se  molhar na chuva, de pisar na lama, de chutar lata! Criança gosta de se divertir. A gente, na condição de pai e mãe, não precisa carregar tanto no novo papel e negar que gostávamos de diversão e reclamávamos horrores das negativas que escutávamos. E quantas vezes escutamos: "quando você tiver seus filhos vai me entender..." e tivemos, não entendemos, negamos e repetimos alguns dos mesmos erros que tanto condenamos em nossos pais? "Ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais", já dizia Belchior, magnificamente interpretado e imortalizado por Elis. Como diz Morgana Gazel: "fazer diferente exige muito mais que contradizer!" - tem um post que menciono esse pensamento da Morgana Gazel, do seu livro "Enseada do Segredo".

O filme é ótimo para program em família. Ver a questão do amigo imaginário, de como lidar e como ele precisa "partir". Ver que nada demanda de crítica, mas de solução posta em prática e que exageros e omissões nunca foram as melhores soluções. Ver que expressar em palavras nem sempre é possível. Ver que canalizar a agitação e agressividade de uma criança está além de frases prontas. Ver que jogos competitivos e ganhar/perder é uma dicotomia do jogo da vida e que de maneira lúdica a criança precisa lidar com essas questões e jogos que sempre terminam em empate não condizem com a realidade, entretanto, jogos competitivos demais também não ajudam... Ou seja, vamos buscar o ponto de equilíbrio mais abertos, mais leves e com determinação.

O barato do filme é sentí-lo. É considerar rindo à toa que para tudo tem solução, desde que haja amor,  um diálogo franco e de coração aberto, com cada parte identificando, reconhecendo e se colocando disposto a, mesmo sem saber como, descobrir juntos. Isso é o que consigo fazer em minha vida familiar: mesmo errando, continuamos tentando e mudando. Nos avaliando, sem o peso duro e áspero das críticas severas. Nos refazendo numa fase eterna ou não - mas, eterna enquanto dura - de reconstrução. Vivendo cada dia, não como o último, mas como o primeiro!

Gostei muito, independente das críticas e do filme ser "água com açúcar" - aliás, açúcar é algo proibido para as crianças no filme, numa crítica aos exageros em busca de uma alimentação balanceada... e exagero não é bom para nada - é uma água com açúcar que vale a pena dar uma bebidinha e saborear, sabendo que não é nada para surpreender pelos efeitos especiais e por histórias distantes da realidade... é um filme do cotidiano, simples porém bem feito, com atores que dão conta do recado e abrilhantam as cenas. Enfim, é um filme para todas as idades - até Peu assistiu, com seus 6 intempestivos anos de idade e agitação e questionou muita coisa; "viu" o amigo imaginário do menino no filme, coisa que ele já teve e eram muitos...; questionou o porquê de quando as pessoas morrem terem que ser enterradas... - e todos os gostos. É um filme leve e despretensioso, que apenas quer nos fazer refletir e rir de uma situação que o Billy Crystal viveu na prática, em sua realidade pessoal. É uma comédia previsivelmente boa de se ver, para rir sem receios.

Saudações maternais,

Pat Lins.


domingo, 13 de janeiro de 2013

"CRIANÇAS TERCEIRIZADAS" - Dr. José Martins Filho

Penso que tudo seja válido para reflexão. 

Venho tendo a sensação de que estamos vivendo uma época de ajustes, onde mulheres continuam sendo mães, são as únicas capazes de gerar - e isso a natureza deve estar querendo nos lembrar: cada um tem sua condição natural de ser e se adequar, principalmente a mulher e isso não deve ser visto como algo ruim - e, merecidamente, conseguimos, depois de muita luta, nossa "liberdade". O machismo ainda existe. O sexismo impera. Ser mulher está sendo uma novidade, atualmente. Quando a gente opta por dar continuidade ao ciclo de reprodução - que, cá entre nós, por mais que seja um processo natural a criança nascer da mulher, existe uma cobrança, uma exigência desmedida e descabida de que para "ser" mulher tem que parir... Cada um com sua função. Mulher gere, pare e cuida. O pai, acompanha, apóia, deve estar presente e cuida. Esse ajuste vai depender de como nós entendemos e acolhemos a nós mesmas. Nesse processo, educamos nossos pequenos. Eles ainda estão sendo educados aos moldes de ajuste, com resquícios de como fomos educados e com a novidade de como será daqui para a frente. Nós vivemos a época de transição, de divisão de águas, mesmo. Isso é cansativo e requer de nós muito mais de humanismo, de valores firmes e boa formação ética e moral, de sabermos e reconhecermos que existem diferenças e existem semelhanças em ser mãe de antes e mãe de agora. Clamo aqui para que nos cuidemos cada vez mais como pessoas. Fortes emocionalmente, seremos mães na prática mais sensatas, equilibradas. Dar atenção ao filho não é sufocar ou comprar tudo o que eles querem para compensar o tempo ausente. Precisamos entender a nossa própria relação com o tempo.

O tempo deve ser bem administrado. Concordo com cada palavra que ele expõe, principalmente sobre limites, sobre a relação com a escola - eu penso que pai e mãe é que devem ser educação primária, escola é educação social, acadêmica. 

O Dr. José Martins Filho fala de uma maneira muito sensata, muito ponderada e dá um toque, um alerta para a importância de se ser Mãe e Pai, onde cada um precisa entender que ambos têm seu papel e ambos devem estar juntos no processo de ESTAR. Ele levanta a bandeira para a ma/paternidade consciente.


O AMOR deve estar em toda relação. Vivamos o amor! Isso é ser forte. Não ficar dura, sem afeto, distante... independente de qualquer coisa, somos mães, mas a maternidade não nos coloca em posição de perfeição. Continuamos humanas!

Saudações maternais,

Pat Lins.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

EXPOSIÇÃO "OS BRINQUEDOS QUE MORAM NOS SONHOS - OS BRINQUEDOS POPULARES BRASILEIROS"



Gente, coisa mais linda essa exposição. Um ambiente onde pais e filhos se encontram no mesmo deleite. Fica difícil saber quem curtia mais: curtimos juntos!

Para os adultos, lembranças das crianças que foram e dos brinquedos que tinham. Para as crianças de hoje, imaginação. Interessante é que, em se tratando de sonhos e mundo de fantasia, o espaço proporciona isso: não importa o tempo, importa o "já", o agora e aproveitar, se permitir é tempo de sempre. A criançada entendia que aquilo era brinquedo e pronto, dispensava apresentação. Sinal de que criança gosta mesmo é de aproveitar sem julgar. Nós, adultos é que cedemos aos apelos comerciais dos brinquedos tecnológicos e criamos permissivamente a propagação de que é preciso ter um brinquedo fabricado, em vez de fazer, como sugere a exposição.

Melhor do que "falar" é ir ver. Pensei que a exposição já havia terminado, quando recebo o e-mail da minha sogra, que ainda estava acontecendo. Fomos, na hora!

Para quem ainda tem interesse:


"EXPOSIÇÃO – OS BRINQUEDOS QUE MORAM NOS SONHOS – O BRINQUEDO POPULAR BRASILEIRO - Crianças e adultos podem viajar entre memórias e alegrias do universo infantil numa exposição de brinquedos oriundos de diversos lugares do Brasil – uma representação do imaginário e dos sonhos de variadas épocas e origens. Da coleção do fotógrafo carioca David Glat, cerca de 1.500 brinquedos são distribuídos em oito salas, cada uma abordando uma temática diferente: a Sala de Brinquedos, a Sala dos Sonhos, a Sala do Espetáculo, a Sala do Medo, a Sala das Reciclagens, a Sala do Desafio, a Sala das Representações e a das Instalações Multitemáticas. Durante o período da mostra, também acontecem atividades de arte-educação tendo os brinquedos como tema das aulas.
  • Museu de Arte da Bahia
  • 71 3117-6900
  • Até 3/4, ter a sex, 13h às 19h; sáb e dom, 14h às 19h
  • Grátis
  • MAB/ DIMUS/ IPAC/ SecultBA"

(AGENDA CULTURAL)



















Infelizmente, a bateria da minha máquina descarregou... Não pude registrar tudo o que tinha. Porém, felizmente, terei que retornar para continuar o registro, afinal, vale a pena. Não é todo dia que temos a oportunidade de registrar nossos sonhos.

Um mundo de sonhos, mesmo! Qual criança nunca sonhou em viver num mundo assim, repleto de cores, beleza e porta aberta para imaginação? Qual menina nunca sonhou em morar numa casa de bonecas? Simplesmente, PERFEITA, essa exposição. Parabéns aos artistas!!!

Saudações maternais,

Pat Lins.

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